Um equívoco muito comum está no fato de as pessoas confundirem atitudes invejosas com ciúme. O ciúme tem como alvo os afetos e os sentimentos das pessoas. O comportamento invejoso, no entanto, é gerado pelo desejo incontrolável de ter o afeto recebido por outrem, possuir coisas, atributos, posições e poder alheios. A inveja consiste em desejar algo que pertence a outra pessoa. Inveja: que sentimento será esse?
O comportamento invejoso pode ser definido, sinteticamente, como “o desejo incontrolável de possuir o bem alheio”.
Por ser um desejo incontrolável, a pessoa não mede o que faz para prejudicar o outro, para que, assim, ele obtenha o objeto invejado.
Por exemplo: uma garota destrói um presente que a outra ganhou. Destrói porque ela não o tem e ainda magoa a outra. Depois do ato invejoso, ou seja, do ataque ao objeto do desejo, vem a culpa. Essa culpa é o medo de ser retaliado por seu ato.
A inveja nasce da comparação: a situação financeira, o prestígio, o talento, a simpatia do outro geram o comportamento invejoso. A pessoa com sentimento de inveja se utiliza basicamente de dois mecanismos:
1. Um deles é aumentar o significado de seus próprios feitos, exagerando suas próprias realizações.
2. O outro é tentar diminuir o outro, tirando-lhe o brilho através de críticas e comentários maldosos.
Este tipo de comportamento é patológico. Ele se manifesta como um distúrbio, no qual existe uma “preocupação” exacerbada com o outro e o desejo permanente de destruir algo que ele possui.
Todavia o comportamento invejoso, muitas vezes, é justificado pelas superstições. Além de usar a sorte como argumento para explicar o sucesso do outro, a pessoa com atitudes invejosas também lança mão de artifícios como a superstição. “Olho gordo”, “nascer de quina pra lua”, são termos usados por estas pessoas para justificar o sucesso alheio, revelando, assim, sua incapacidade e seu sentimento de inferioridade.
O texto de Filipenses trata basicamente dos progressos do Evangelho e de como a prisão do apóstolo Paulo estimula o trabalho de evangelização entre os cristãos da Igreja Primitiva.
Particularmente aqui, Paulo especifica dois grupos que se sentem incentivados a levar adiante a evangelização. Um deles é favorável a Paulo; o outro é desfavorável.
1. O primeiro grupo manifesta espírito de colaboração com Paulo (v 15);
2. O segundo mostra espírito de rivalidade e inveja (v. 15). Encontramos aqui pessoas que invejam o ministério do apóstolo Paulo, com o desejo de “suscitar tribulações às dele” (v. 17).
Mais do que o ministério (bem alheio), estas pessoas invejam o carinho e a devoção dedicados a Paulo pela maioria das pessoas da igreja de Filipo.
Esse grupo usa a obra de evangelização com o intuito de produzir uma obra maior que a de Paulo, com isso ganhando a atenção da igreja.
Podemos perceber os dois mecanismos do comportamento invejoso na prática desse grupo:
1. O versículo 15 afirma que este grupo prega a Cristo por inveja ou disputa. Como o trabalho de evangelização busca aumentar sua confiança junto ao povo.
2. Para que isto aconteça, prega procurando suscitar tribulação ao apóstolo Paulo, com o objetivo de diminuir o apoio que a igreja de Filipo lhe dava.
Paulo não dá importância a esta atitude (v. 18). Para ele, o mais importante é o anúncio de Cristo. Todavia, ele entende que sua presença no meio da comunidade ainda é necessária, e busca superar estes conflitos (v. 25).
Como lidar com atitudes invejosas
Existe pouco material publicado sobre este assunto. Dentre o material publicado que encontramos, há uma certa concordância entre os autores sobre o seguinte aspecto: a origem de uma atitude invejosa na vida de uma pessoa encontra-se na convivência familiar.
Podemos lembrar aqui a história de José e seus irmãos. Esta narrativa (Gn 37,1-36) nos conta que Jacó amava mais a José do que a seus irmãos, porque este era o filho de sua velhice (v. 3). Os irmãos, ao perceberem a atitude de Jacó, passam a invejar José (v. 4), até surgir oportunidade para vingarem-se dele, vendendo-o para os mercadores.
No ambiente familiar (sem contar a sociedade), no qual são freqüentes as comparações (entre irmãos/ãs, esposas, maridos), existe uma grande propensão a comportamentos invejosos, visto que as pessoas que são alvo de comparações contínuas nunca estão satisfeitas consigo mesmas.
Portanto, uma das formas de lidar com atitudes invejosas é:
1. Evitar o máximo as comparações no meio familiar.
2. Combater estas atitudes. Devemos procurar mostrar a estas pessoas que suas personalidades, desejos e características não são iguais às das outras pessoas, portanto não adianta usar os outros como medida para sua vida. Só haverá satisfação quando a conquista for sua, e não quando for alcançada em cima da conquista do outro. Destruir o outro não o fará chegar aonde ele chegou.
3. Existe ajuda profissional (atendimento psicológico, acompanhamento pastoral), para ajudar a resgatar a auto-estima, a autovalorização, para que uma pessoa com comportamento invejoso perceba-se capaz de conquistar seu próprio sucesso, sem desmerecer o sucesso do outro.
Faça uma auto-avaliação e tente detectar alguma atitude de inveja.
Procure tomar alguma atitude para dissipá-la.
Deus te abençoe!
